Centro de Lazer do Trabalhador Dr. Luiz Ferreira de Oliveira, um lugar do povo

Por Isabella Marin

A Estância Turística de Piraju é uma cidade com aproximadamente 30 mil pessoas. Pelo seu caráter turístico, não apenas o comércio é um grande ponto valorizado, como também suas áreas de lazer. Além do conhecido Rio Paranapanema, os pirajuenses e visitantes podem contar com centros públicos para se divertirem, como o Centro de Lazer do Trabalhador Dr. Luiz Ferreira De Oliveira, inaugurado em 10 de outubro de 1982. 

O local nasceu pela necessidade do operário ter um lugar para entretenimento, especialmente as práticas esportivas em suas horas vagas. Hoje, o Centro de Lazer localizado na Avenida São Sebastião, 275, no Jardim Ana Carolina, conta com piscinas, quadra de basquete, campo de futebol, salão de festas e muitos outros atrativos. 

O atual responsável pelo clube é Marcos Freitas, ex-vereador e que, atualmente, trabalha como assessor do Departamento de Esportes e Lazer de Piraju. Dentre as diversas memórias do lugar, ele enfatiza os anos 1980, quando o clube havia acabado de ser inaugurado. Mais precisamente em 1984, quando os bailes no Centro de Lazer chegavam a lotar com aproximadamente oitocentas pessoas. Já o recorde do recinto foi de quase mil e quatrocentos frequentadores. Naquela época, todo o dinheiro recebido era investido no próprio Centro de Lazer, com equipamentos e brinquedos para os visitantes se divertirem.

Frente do Centro de Lazer e Marcos Freitas, responsável pelo local. [Imagem: Isabella Marin]

Mesmo passando por alguns problemas, Freitas sempre viu o valor e a importância que o local tem para os pirajuenses. Como um espaço  público e de livre acesso, é direcionado aos trabalhadores. “Por mínimo que seja, tem que dar alguma coisa para o trabalhador. Tem que dar o lazer para ele poder vir. O que dá para fazer a gente vai fazendo”, expõe o responsável. Por isso, os horários também vão de acordo com a agenda comercial. Antigamente, funcionava das 8h às 17h — uma hora antes do fechamento das lojas do comércio. A situação era inviável. A partir de então, os portões ficam abertos, geralmente, das 9h às 19h, guardando um tempinho a mais para aqueles que desejam usar as piscinas ou praticar algum esporte. 

Não apenas as piscinas são um grande atrativo do local — uma de 25 metros  e outra para crianças, de seis metros — como também conta com áreas onde se praticam outras modalidades esportivas. A bocha, por exemplo, é uma prática de precisão que lembra o boliche. Nele, os praticantes devem lançar pequenas bolas (as bochas) em direção a uma bola (conhecida como bolim) lançada antes do início da partida e que marca a área de pontos. Aquela que ficar mais próxima no fim do lançamento é a vencedora.  É bastante popular entre os mais velhos e já reuniu cerca de 70 idosos no local. Outros jogos como truco, baralho, dominó e cacheta são do gosto dos frequentadores da terceira e melhor idade, que se reuniam no local com certa frequência para jogarem juntos e passarem o tempo.

Área onde se pratica o jogo de bocha. [Imagem: Isabella Marin]

Há, ainda, a cancha de malha, ao lado da de bocha, que vai passar por reformas devido à sua estrutura de madeira e alvenaria. No entanto, antes da pandemia paralisar as atividades e os projetos, a cidade de Piraju contava com um grupo de aproximadamente 18 pessoas que formavam um time e que competiam em campeonatos regionais. Esse jogo, que também é de precisão, tem a intenção de derrubar um pino (ou chegar o mais próximo dele) posicionado no outro lado da cancha com uma malha, uma espécie de disco.

Clube Municipal de Malha no Centro de Lazer de Piraju. [Imagem: Isabella Marin]

Já para o restante do público, os principais atrativos são as piscinas, o campo de futebol e a quadra de basquete. Freitas comenta que, durante o verão, a piscina aberta chegava a receber 60 pessoas durante a semana e 150 aos sábados e domingos. No campo de futebol, muitos veteranos gostavam de ir à tarde treinar, enquanto outros grupos ficavam brincando na quadra de basquete. A criançada, em específico, gosta de aproveitar todas as áreas, mas uma atividade que costumam fazer bastante é escorregar na grama com papelão. Nos dias de semana, é comum que o pessoal do Projeto Vida, programa desenvolvido pelo Departamento de Ação Social para crianças carentes, vá ao centro com as professoras e fique brincando. “De manhã, aproximadamente 80 crianças vão ao local jogar bola e desfrutar do clube”, explica Marcos Freitas.

No Centro de Lazer também há equipamentos de tênis de mesa, jogos de tabuleiro e um grande salão. Esse espaço já foi palco de casamentos, apresentações, bailes e muitos outros eventos. Também já foi utilizado como local para aulas de danças, ginástica, ensaios de capoeira e demais atividades elaboradas. Esses profissionais as promovem de forma gratuita para a população, como é o caso das aulas de natação e da hidroginástica para idosos, assim como as turmas de danças. Como é um centro público, é possível fazer uso dos ambientes sem pagar nada e as aulas são voluntárias.

Porém, um dos desafios para tomar conta do local é protegê-lo contra invasões e depredações. Muitas vezes, esses problemas acontecem porque as pessoas pulam os muros para aproveitarem os espaços, mas acabam quebrando torneiras, aparelhos e alguns equipamentos. O assessor do Departamento de Esportes e Lazer de Piraju comenta que a preocupação não é apenas com o espaço, mas também da própria segurança dessas crianças, pois não há ninguém para socorrê-las caso algum acidente aconteça. 

Durante a pandemia, todas as atividades foram paralisadas e muitas melhorias e reformas que estavam previstas tiveram que ser adiadas. Assim que houver uma vacinação em massa contra a Covid-19, o Centro de Lazer do Trabalhador Dr. Luiz Ferreira de Oliveira retornará e oferecerá todos seus serviços novamente. 

A cidade também possui o Centro de Lazer Vereador Eduardo Cassanho, localizado na Tibiriçá. Administrado pelo Sindicato dos Funcionários Públicos Municipais, já retomou algumas de suas atividades. 

Uma das expectativas de Freitas para o Centro de Lazer é fazer uma academia ao ar livre no lugar, com cobertura e iluminação. O assessor do Departamento de Esportes e Lazer de Piraju relata que essa ideia vem da quantidade de pessoas que fazem caminhadas à noite na região e que poderiam usufruir desse ambiente equipado. “Iria até meia-noite! Você acha que as pessoas que estão caminhando não vão entrar aqui? Tudo iluminado, coberto e deixar a piscina aberta com uma pessoa olhando tudo. O trabalhador de segunda à sexta e no sábado, praticamente, é difícil de vir porque é o horário que eles trabalham. Então tem que deixar aberto”, desabafa.

* Isabella Marin é repórter e bolsista do projeto “Registro da Memória e do Turismo na Estância Turística de Piraju: desenvolvimento das habilidades comunicacionais no ensino fundamental I e II” do Programa USP MUNICÍPIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *