Organização Ambiental Teyque’-Pe’ e a Estância Turística de Piraju

Gabrielle Yumi*

Quem olha para Piraju vê o amor que os pirajuenses têm pelos seus 7,5 km de corredeira do Rio Paranapanema. Porém, o rio, que foi a grande razão do município ter se tornado Estância Turística em 2002, já teve fortes ameaças externas que tinham potencial de acabar com os últimos quilômetros de corredeira que ainda tinha. Foi a partir das constantes ameaças e assédios que a Organização Ambiental Teyque’-Pe’ surgiu em 2001, com o objetivo de proteger, conservar e preservar os recursos hídricos na área da Bacia Hidrográfica do Alto Paranapanema.

Segundo Edio Pasquarelli, colaborador da Teyque’-Pe’, o Panema começou a sofrer com ameaças por volta dos anos 70, quando a primeira indústria – na época, de celulose – se interessou na parte do rio que ficava em Angatuba. Assim, houve uma movimentação na época para impedir que isso acontecesse. “A partir daí houve o início de uma briga pela preservação do Paranapanema. Foi um embrião que, muito anos depois, deu origem a Organização Ambiental Teyque’-Pe’”, disse Edio.

Dentre muitos desafios que tiveram que enfrentar desde o início, a adesão dos pirajuenses para partilhar do ativismo para preservar o rio foi a maior delas. “Piraju é considerado um dos municípios mais usinados do mundo. Com o passar do tempo, a população percebeu que não valia a pena. Então, em 2012, quando veio uma nova proposta de usina, a população se mobilizou. Fizemos um abaixo-assinado e foi fácil conseguir o número mínimo de assinaturas. Qualquer empresa que pretender vir e mexer no último trecho do Panema, o povo irá se mobilizar”, continua.

Além da importância de manter o trecho para preservar a flora e fauna local, o Panema contribui diretamente para o turismo da região. A canoagem é a modalidade esportiva mais praticada no município, e os esportes radicais e o ecoturismo também usufruem do rio para funcionar. A quantidade de impostos recolhidos das Usinas localizadas em Piraju não são equivalentes ao custo oferecido pelo Governo ao município por ser Estância Turística. Assim, preservar o rio não só afeta diretamente na manutenção do título de Estância Turística de Piraju como também oferece muito mais à população do que a instalação de uma nova usina, por exemplo.

Mas a Organização não só luta por preservar o rio de maneira direta, como também indiretamente. Desde 2017, a Teyque’-Pe’, em parceria ao Departamento de Educação de Piraju, implementou a disciplina de Educação Ambiental na grade curricular dos alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental I. “É trabalhado todas as questões ambientais, históricas e turísticas da cidade nessa disciplina, porém ainda não está concretizado em sua forma absoluta de conhecimento, mas o pontapé inicial já foi dado”, disse Maria Adriana Paschoarelli, presidente da Organização.

É claro que a Organização, durante seus 19 anos, já alcançou muitas conquistas para o mantimento do trecho de corredeira do Rio Paranapanema, porém o trabalho nunca acaba. “Como disse o professor José Luiz de Moraes, ‘De todo o Rio Paranapanema, se existe um coração, é aqui em Piraju”, finaliza Adriana.

Para conferir a entrevista completa, assista ao vídeo abaixo:

*Gabrielle Yumi é repórter e bolsista do projeto “Registro da Memória e do Turismo na Estância Turística de Piraju: desenvolvimento das habilidades comunicacionais no ensino fundamental I e II” do Programa USP MUNICÍPIOS