O povoado

Aqui neste povoado há um rio. Aqui por incrível que pareça há montanhas. E eis logo ali um banho de cachoeiras. E era assim que ele vivia a sua cidade. Aos poucos foi dando substância ao seu modo de ver e esticou os olhos em bolhas de vidro e a cidade já estava em modo nave, um vidro espacial, às vezes atinava de ouvir e no povoado ainda existia uns gritos selvagens de pássaros e um cricrilar vegetal de insetos que aos milhões em árvores brotavam e esticou a audição em válvulas celestiais de saber do universo e a cidade já estava em modo elevado, amplificador astronômico, e foi assim ao saber de um novo paladar e foi assim ao saber de um aroma silvestre e foi assim ao contato morno das estações com a sua pele e foi assim que ele transcorreu o seu tempo e amou e frutificou e o seu corpo quando ao fundo da terra desceu, no sétimo dia como deveria de ser, ao fim da jornada, não se envergonhou de ter sido um dia vivente no vasto leite orgástico das estrelas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *