Boinha, o grande lutador de Piraju
Piraju é um berço de talentos e nomes criativos e inovadores, que travam batalhas diariamente. E entre eles está um verdadeiro lutador: Luciano Boinha. Nascido em Piraju, Boinha, praticante de Kickboxing e Muay Thai, lutou por seu último cinturão mundial no evento Fatality, na Indonésia, contra o campeão japonês, em 2018. Foi assim que colecionou dez cinturões do evento ao longo de sua carreira.
A história desse ídolo pirajuense começou lá atrás quando, inspirado pelas grandes produções cinematográficas, assistia os filmes dos mestres Jean Claude Van Damme e Bruce Lee. Logo se apaixonou pelas artes marciais, fato que o inspirou a acompanhar os treinos em uma academia de caratê que existia em Piraju, pois na época não tinha condições de bancar as aulas.
Mas Boinha lutou por seu sonho. Chegava em casa e praticava sozinho, repetindo os movimentos que observava durante os treinos na academia. Aos quinze anos, Boinha começou a trabalhar na bicicleta Paraíba, momento no qual finalmente teve a oportunidade de iniciar seus treinos, junto com dois irmãos que vieram de Curitiba. Os paranaenses trouxeram a prática do Muay Thai, luta que Van Damme lutava e que tanto inspirava Boinha. Começava ali um carreira de títulos e histórias.
Durante três anos, não tinha foco para outra coisa que não fossem seus treinos. Quando não estava trabalhando, estava na academia. E a recompensa a todo o esforço veio três anos depois, aos dezoito anos, quando merecidamente Boinha fez sua primeira luta, valendo o título paulista, e foi campeão, logo no primeiro round, um atleta de Curitiba, que inclusive era de uma categoria acima da de Boinha. Demonstrando finalmente todo seu potencial dentro do ringue, Boinha não para mais de lutar. Luta oito vezes no Storm Samurai, evento de MMA que acontece em Curitiba.
Subiu no ranking de lutadores, continuou conquistando títulos e, em 1997, conquistou a tão sonhada faixa preta no Muay Thai. Logo em seguida, tira também a faixa preta em kickboxing, onde inicia sua jornada na arte marcial, dentro de campeonatos mais conhecidos, como o WGP Kickboxing. Disparando em seus triunfos, Boinha tornou-se campeão do Sul-americano na Argentina e medalha de ouro no Pan-Americano no Chile. No WGP, em 2014, lutou com os nomes mais bem ranqueados dos esportes de luta em pé: nocauteou Goku em sua primeira luta no campeonato, e no mesmo dia, venceu de Esquiva Falcão na final do campeonato, ganhando, assim, o título do WGP. Boinha ganhou o cinturão profissional brasileiro em duas categorias de peso (61 e 63,5 quilos) pela Confederação Brasileira de Kickboxing (CBKB), nas modalidades K1.
Boinha, sendo não apenas um grande nome das artes marciais, tem a carreira atravessada por nomes famosos do MMA, do Muay Thai e do Kickboxing. “Fico muito feliz de ver as pessoas com quem eu lutei estarem crescendo, e saber que um dia eu lutei com eles também.” Treinou durante um ano com Vanderlei Silva, Shogun, Cyborg, Jorge Luis Patino (o “Macaco”) em Curitiba, onde compartilhava o mesmo ringue com todos esses grandes atletas. Voltava a cada quinze dias para Piraju para visitar a família.
Boinha acumulou 73 lutas, sendo 62 delas de Kickboxing e Muay Thai e 11 de MMA, construindo, evidentemente, uma carreira repleta de conquistas incomparáveis. Sendo desde cedo um verdadeiro campeão, que corre atrás de seus sonhos, Boinha possui hoje o CTB, Centro de Treinamento Boinha, onde ministra treinos de Kickboxing e Muay Thai na Estância Turística de Piraju. Além disso, realiza coaching para outras academias que decidiram por seguir seu grande método de luta. Junto com a família, construiu um carreira exemplar como cidadão e esportista. Um ídolo eternizado na história da Estância Turística de Piraju.
FOTOS: arquivo pessoal de Luciano Boinha
Karolina Monte é repórter e bolsista do programa USP MUNICÍPIOS