Galvão Júnior e o som na escola

Por Luísa Hirata e Matheus Nistal

A décima oficina do projeto da USP – Municípios no Registro Digital da Memória e do Turismo da Estância Turística de Piraju teve como tema as “Sonoridades na escola: história, produção e convergência”. A atividade foi ministrada pelo Prof. Dr. Lourival da Cruz Galvão Júnior (Unitau) no dia 13 de outubro de 2021, às 19 horas.

Galvão Júnior é doutor e pós-doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), mestre em Linguística Aplicada e jornalista graduado pela Universidade de Taubaté (UNITAU), onde ele atualmente leciona nos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Pública e realiza suas pesquisas.

Lançou recentemente seu primeiro audiolivro sobre a professora da USP Gisela Swetalana Ortriwando, considerada uma das mais importantes pesquisadoras sobre a história do rádio no Brasil. A obra “O Rádio de Gisela” está disponível aqui.

O palestrante abordou como o som é parte fundamental da comunicação, mesmo sendo visto muitas vezes como coadjuvante. Assim, aconselhou os professores presentes a se atentarem mais às sonoridades, já que existe um forte vínculo entre comunicação e educação.

Galvão explica a concepção de “sonoridade” e “fala” (Reprodução)

Galvão citou o pensador alemão Walter Benjamin (1892-1940), que estudou cinema, rádio e obras de arte, para falar das mudanças na percepção dos objetos pelo emprego de novas tecnologias de produção. O audiovisual abre a possibilidade de se ter novas experiências. O professor ressaltou que o diálogo trabalha as imagens mentais e atravessa distâncias, sendo marcante na cultura oral brasileira.

O pesquisador também falou da iniciativa do pedagogo francês Celestin Freinet (1896-1966). Cansado da dinâmica na qual o professor fala e o aluno escuta, Freinet trouxe o jornal para as aulas e, assim, fez da aula uma discussão constante de pautas. O objetivo é formar cidadãos autônomos, críticos e criativos para a construção de uma sociedade democrática. “Temos que ter parceiros no processo de comunicação, e não alunos”, afirma Galvão.

Além disso, o palestrante destacou o valor da autoaprendizagem dos alunos. Assim, ocorre pela troca de informação e o professor toma o papel de orientador através de um “sistema de estímulos e motivação”. O propósito do educador não é estabelecer uma relação utilitária, mas educar pela comunicação, pelo fazer comunicativo. Deve comunicar de forma educativa.

Um exemplo dessa comunicação pedagógica que Galvão trouxe foi o interjornal da disciplina que ele ministra na UNITAU, em que os alunos fazem transmissões ao vivo de rádio, sempre com o professor avaliando. Ele aumenta as dificuldades desse desafio aos poucos até os alunos chegarem às rádios comunitárias.

Fotos dos alunos de Galvão fazendo rádio ao vivo (Reprodução)

Ele fez isso sob sua filosofia de “Romper os muros dentro da escola.” O rádio é um caminho acessível para isso, já que é possível editar áudio com softwares gratuitos, como o Audacity. Galvão estimula a produção de podcasts e webrádios, e pede aos professores para sempre pensarem em conciliar suas aulas com o som, incentivar os alunos a fazerem suas próprias obras e corrigi-los quando necessário.

Ao final, o professor respondeu a alguns comentários e perguntas dos professores. A atividade integra o cronograma do Projeto “Registro Digital da Memória e do Turismo na Estância Turística de Piraju – desenvolvimento das habilidades comunicacionais no Ensino Fundamental I e II” do Programa USP Municípios. Ela está disponível abaixo:

Luísa Hirata e Matheus Nistal são bolsistas e repórteres do Registro Digital da Memória e do Turismo na Estância Turística de Piraju – desenvolvimento das habilidades comunicacionais no Ensino Fundamental I e II do Programa USP MUNICÍPIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *