… i (m u n d o s) …
Há um mundo que anda imundo
na boca aberta do século XXl
passando enjoativo na porta de casa
e chega a dar náusea
feito navio negreiro em mar agitado
dos idos da escravidão
dos olhos olhando pra trás
em desvios de rotas e verba
em conflitos religiosos e rebeliões em presídio
em assassinatos e bocas malditas
nos favelados das balas perdidas
nos cambistas e nos descambados
no assalto a estrangeiros e a nós mesmos
nos bebês abandonados e em gente revirando lixo ou
nos viciados ,nos bombados de academia e acadêmicos analfas
nas meninas novas dos velhos puteiros
em gente vingativa e em traiçoeiros
em discursos de tevê aberta fechados antes com políticos
de índole baixa desde os tempos
dos primeiros estupros nesses litorais.
E ninguém mais saiu do cais
nem antes nem após a falta de chuva
e a nuvem de poeira dentro da pandemia
porque parece que ninguém mais sentiu o caos
nesses nossos mais de 30 brasis, bem mais,
nessas cenas precedentes de qualquer lugar.
E não existe paraíso em lugar nenhum nem nunca existiu
a não ser pra um ou outro
e desse jeito não há, não haverá paraíso para nós em lugar algum
porque assim não existe paraíso em lugar nenhum.