Sobre o talento da jornalista Luciana de Oliveira Souza

Por Diogo Bachega Paiva

Que a jornalista Luciana de Oliveira Souza é uma palmeirense apaixonada por futebol não é novidade para quem a conhece, mas o que pouca gente sabe é que essa pirajuense de coração é natural de Registro, na proximidade do litoral sul de São Paulo. A aprovação em um concurso no antigo Banespa (hoje Banco Santander) foi responsável por esse, digamos, desvio do destino. “Logo que meus pais (João de Oliveira Souza e Nena Sanches de Oliveira Souza) se casaram, em Piraju, foram para o Vale do Ribeira, onde eu nasci. Poucos meses depois, meu pai foi transferido novamente para Piraju, onde mora até hoje.”

Aos 16 anos ela saiu da “terrinha” pela primeira vez. Foi a Bauru fazer o terceiro colegial e preparar-se para o vestibular. Sua primeira opção passou longe do jornalismo. Seu sonho era a oceanografia. “Na época, meu professor de biologia me recomendou fazer o curso em Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Acabei convencendo minha mãe a embarcar nessa aventura comigo. As viagens de avião eram pouco acessíveis. Por isso, fomos de ônibus. Foram três dias tomando banho em postos de combustíveis, dormindo mal e comendo na estrada”, lembra. 

O resultado? A distância e a saudade que teria da família falaram mais alto, e a futura jornalista entregou uma das provas em branco. “Como eu sempre digo: decidir o que quer ser quando crescer, com 16, 17 anos, é muito difícil. Então, como não queria ficar tão longe dos meus pais, optei pelo jornalismo, algo que pareceu natural para quem sempre gostou de ler, escrever, ouvir e contar boas histórias.” 

Quando criança, Luciana teve sarampo. Ela conta que naquela época havia uma ‘lenda’ de que quem desenvolvesse a doença durante a noite deveria permanecer em um quarto escuro, sem sair, até ficar totalmente curada. “Passei a ler mais do que já lia. Como outra opção para segurar a menina em casa, me deram de presente uma vitrolinha e aqueles discos coloridos de histórias infantis. Então, comecei a transcrever os diálogos, personagem por personagem, em um caderno. Depois, reunimos um grupo de amigas, na escola da Vila São José, e, com o apoio da professora Zilda Garrote, transformamos algumas dessas histórias em peças de teatro e apresentamos em sala de aula.”

Formada pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, a Unesp, no campus de Bauru, a jornalista iniciou a carreira em Piraju quando foi convidada pelos amigos Gervásio e Ige (in memória) para inaugurar um novo semanário na cidade, o Observador, em 1990. “Tínhamos uma máquina de escrever, uma máquina fotográfica e o propósito de oferecer um produto novo, diferenciado. Uma vontade imensa que mal cabia na pequena garagem emprestada”.

Com Norma Gatti, aguardando revelação de fotos no Jornal Observador

Com bom humor, Luciana fala sobre a falta de experiência que todo profissional tem no início da carreira. “Minha primeira matéria foi sobre a eleição de uma cooperativa de cafeicultores. Lembro que minha mão tremia tanto que eu tinha certeza que derrubaria o gravador! Foi aí que teve início uma grande amizade. O jornalista Nelson Meira, percebendo que a novata estava tensa, se aproximou para dar algumas dicas”. Em 1992, quando saiu candidato para prefeito, e precisou se ausentar da emissora, Meira convidou a jornalista para trabalhar na rádio Piratininga.

Com Carlos Neres e Denise Meira. À direita, gravador de rolo utilizado na rádio

Um pouco antes disso, um outro convite mudaria os rumos dessa história. Um dos sócios-proprietários da Folha de Piraju, Esaldivar Ramos, a procurou para integrar a equipe do jornal. Sempre aberta a desafios, aceitou. “A Folha tinha uma boa estrutura. Contava com laboratório fotográfico e equipamentos, que considerei um diferencial para o meu aprendizado. Lá fiz grandes amigos como a Maria Ângela (Laka), Norma Gatti, Édio Paschoarelli, entre tantas pessoas que até hoje fazem parte da minha convivência, mesmo de longe, como agora, com a pandemia.”

Com Maria Ângela Dattoli Ramos, a Laka

No seu currículo ainda constam a rádio 96 FM (Bauru) e as empresas mineiras Brandt Meio Ambiente, Andrade Gutierrez e Sebrae/MG. Nessa época, a jornalista morava em Lavras, Minas Gerais, cidade onde nasceu o seu filho, Caio Souza Cáceres.

Também realizou o sonho de escrever para revistas. Por mais de nove anos trabalhou na editora Alto Astral, em Bauru, escrevendo para revistas de vários segmentos.

Luciana com João Carlos Almeida (João Bidu) e amigas da editora Alto Astral

Hoje, trabalha com assessoria de imprensa e conteúdos para as redes sociais de clientes da agência Lettera Comunicação Estratégica, em Bauru. Entre os clientes que já passaram por ela estão o Bauru Shopping, o Shopping Praça Nova Araçatuba, Thermic (usinagem, solda e manutenção de equipamentos para o setor sucroalcooleiro), o lançamento do CD Caos & Beleza, do cantor João Biano, no Sesc Bauru, Tenergy (Soluções de eficiência energética e automação), as unidades do Senac de Jaú, Botucatu, Itu, Salto e Registro, Museu Mário Fava, em Bariri, e o projeto Enxergando o Futuro que ensina, gratuitamente, o braille por meio de uma plataforma digital.

Foto no Senac de Registro quando registra falas do cacique (segunda à esquerda)

“Cada trabalho é único e com ele chegam novas experiências e muito conhecimento. Como o Museu Mário Fava, que preserva a história extraordinária de três desbravadores brasileiros que percorreram as três Américas, em um Ford T, mapeando a estrada Pan-Americana. Fazer a assessoria de imprensa para o Senac Registro, por exemplo, fez com que eu voltasse 50 anos depois para a cidade em que nasci e lá fazer bons amigos.”

Durante a inauguração do Museu Mário Fava, que abriga carro que em 1928 foi do Rio de Janeiro a Nova York. Trabalhou na assessoria de imprensa com a empresa Lettera Comunicação Estratégica. Ao seu lado, os jornalistas Lucius de Mello e Rita Cornélio.
Reunião de planejamento na Lettera
Com Anaí Nabuco, diretora da Lettera Comunicação Estratégica

PIRAJU, ESTÂNCIA TURÍSTICA

A jornalista presenciou um dos momentos históricos mais importantes para a cidade: da sessão solene, em 2002, quando foi assinada a lei que transformou Piraju em Estância Turística. “Foi emocionante participar de um momento tão esperado pela cidade, enquanto assessora de imprensa do ex-prefeito Maurício Pinterich. Esse foi um marco que possibilitou e vem viabilizando vários projetos. São pessoas, profissionais que acreditam no potencial da cidade, que estão investindo e tornando o sonho em realidade.”

Solenidade Palácio dos Bandeirantes, Piraju – Estância Turística com Zezão Pansanato, Geraldo Alkmin, Mauricio e Fátima Pinterich

PARA SABER MAIS:

Museu Mário Fava: http://museumariofava.com.br

Diogo Bachega Paiva é repórter e bolsista do projeto “Registro da Memória e do Turismo na Estância Turística de Piraju: desenvolvimento das habilidades comunicacionais no ensino fundamental I e II” do Programa USP MUNICÍPIOS

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